Nossas vidas são como a respiração, como as folhas que crescem e caem. Quando realmente entendermos sobre as folhas que caem, seremos capazes de varrer os caminhos todos os dias e nos alegrar com nossas vidas neste mundo mutável.
Uma das primeiras considerações que aprendi sobre a prática do Yoga é que não importa aonde chegamos, mas como chegamos. Ao fazer um ásana, uma postura, o que importa é onde está o seu estado de consciência no momento, e não a perfeição da execução da mesma.
Tenho pensado muito nisso fazendo um paralelo com a questão do livre arbítrio. Às vezes esse conceito pode ser confundido com as nossas escolhas pessoais. Tudo bem, vamos dizer que somos livres para isso, apesar de também achar que tudo estaria pré determinado, mesmo quando parece que a decisão foi nossa. Mas isso é minha opinião, e tenho encontrado muitas pessoas que acham isso um absurdo. Pois bem, cada um tem o direito de ter sua própria ideia, importante é nos respeitarmos e aceitarmos nossas diferenças.
Voltando ao que definiria como livre arbítrio, na minha pequena visão: o que tem que acontecer conosco acontece, faz parte de algo maior, independente de nossa vontade, que chamamos destino, karma, missão ou seja lá o que for. O nosso livre arbítrio seria a maneira como lidamos com isso. Podemos nos desesperar, praguejar, lamentar, aceitar, nos resignarmos, sermos impacientes, egoístas, sábios, enfim, podemos escolher entre inúmeras opções de reação ou ação.
Tenho dito a alguns amigos que tenho vivido três anos em um, fazendo um intensivão, de tantas coisas que tem acontecido em tão curto espaço de tempo. Bom, coisas difíceis, pode-se assim dizer, porque se fossem fáceis fatalmente não estaria escrevendo essas palavras. Difícil um ser humano comum aprender com o amor, ele vai aprender mesmo no momento de dor. Enfim...
Vou contar quais foram minhas reações ao longo do tempo. Num primeiro momento fui surpreendentemente centrada. Depois, virei a desesperada. Aí, revoltei-me com Deus, achando que tudo estava passando dos limites, afinal de contas. Depois, resolvi enfrentar, tipo "ok, se quiser pode mandar mais uma, pode escancarar na provação eu que vou dar conta". Depois, entreguei, passei a não esboçar mais reação. E aqui estou, entregue. Apenas aceitando, como um ser que parece estar assistindo a um filme sobre sua vida. Como quando você é engolido por sucessivas ondas no mar e está lutando para não se afogar. Compreendendo que é no momento que você solta o seu corpo que a onda faz seu movimento natural e te joga para a praia.
Em algumas circunstâncias, lutar por determinadas coisas da vida só aumenta o sofrimento. Melhor deixar o destino agir, sem se debater contra, só aceitando e, se quiser buscar alguma sabedoria, um "upgrade' no seu caminho espiritual, também agradecendo os infortúnios como parte do seu aprendizado, do seu motivo por estar aqui nessa louca aventura terrena.
E aí concluo com a lição do Yoga: a gente sempre chega ao lugar que se tem que chegar, o importante é como isso nos conscientiza, nos molda, nos transforma. A dor, no fim das contas, tem sua razão de ser. Livre arbítrio é como encaramos isso.
Eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério. É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.
Na vida moderna, as pessoas acham que seu corpo pertence a elas e que podem fazer com ele o que bem entenderem. Quando tomam essa decisão, a lei as apóia. Esta é uma das manifestações do individualismo. No entanto, de acordo com os ensinamentos do vazio, do não-eu e da interexistência, nosso corpo não é apenas nosso. Ele também pertence a nossos antepassados, a nosso país, às gerações futuras e a todos os outros seres vivos. Todas as coisas, até mesmo as árvores e as nuvens, se reuniram para produzir a presença do nosso corpo. Conservar nosso corpo saudável é a melhor maneira de expressar nossa gratidão a todo o universo, a nossos antepassados, e também a não trair as gerações futuras. Devemos praticar este preceito com todas as pessoas. Se estivermos saudáveis, todos podem se beneficiar. Se formos capazes de sair da concha do nosso pequeno eu, perceberemos que estamos interligados a todos e a tudo, que cada ato nosso está relacionado com toda a humanidade e todo o universo. Manter mente e corpo saudáveis significa praticar a bondade com todos os seres.