sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mudando nossos julgamentos

Um pensamento, uma história, um conto, um dizer, um filme, enfim, qualquer produção humana pode ser interpretada de inúmeras formas, não só dependendo de pessoa para pessoa, mas de acordo com a época de vida, contexto ou idade ou mesmo das experiências adquiridas por tal indivíduo. Seria loucura não considerar que cada um de nós tem seus parâmetros de interpretação e entendimento de algo, sem contar os nossos julgamentos. Podemos olhar para uma paisagem e, descrevendo posteriormente para outras pessoas, fazê-las pensar que estivemos olhando lugares diferentes. Mantemos nosso foco e damos importância de acordo com nossa personalidade, nossa bagagem de vida e nossos valores. Até aí, tudo bem.

A questão é quando agregamos uma escala de "verdades" à nossa interpretação e saímos por aí em conflito, fazendo com que todos que tenham uma visão diferente da nossa sejam discriminados e julgados. Assim é o preconceito, pré- conceito, ou seja, antes mesmo de tentar aceitar e entender outros pontos de vista e maneiras de ser, nos fechamos na nossa zona de conforto e não abrimos espaço ao que não necessariamente é novo, mas sim estranho a nós. Mais fácil é conceituar, julgar e rotular. Cristalizamos assim nossa energia e não fluímos com a vida.

Esse filme que gostaria de recomendar, Himalaia (Himalaya - L´enfance d´un chef, 1999) é uma dessas histórias que podem ser intrerpretadas de várias formas. O subtítulo se refere à infância de um futuro líder. Mas a minha interpretação focou em outras questões e tem a ver com a introdução desse texto.

Fala sobre a história de uma tribo, que, morando em um dos lugares mais inóspitos do planeta, tem apenas o sal para comercializar. Para isso tem que fazer uma travessia, liderada pelo chefe da tribo. O filme começa com a morte desse líder e a desconfiança de seu pai sobre as reais causas e condição de sua morte. Desconfia do melhor amigo do filho, que por uma questão hierárquica, passa a ser o futuro líder. Bom, vale a pena ver o desenrolar da história e não gostaria de ter o mau gosto de contar o fim do filme, mas a lição que me marcou foi essa, a de que temos que abandonar nossos preconceitos, nossa visão pré concebida das pessoas e fatos e ampliarmos nossos horizontes e visão, para enxergar além do que estamos acostumados e que certamente nos levará a estágios mais avançados de felicidade e paz de espírito.

Ah, as imagens são deslumbrantes (não deixe de ver os extras, a equipe de filmagem também passou pelas mesmas dificuldades de se estar num lugar tão ermo), a trilha sonora é magnífica e tem uma frase que me marcou, não vou saber repetí-la textualmente pois já assisti a esse filme a algum tempo, mas foi dita pelo outro filho do ancião, um monge que se dedicava à arte da pintura no mosteiro e que foi também solicitado para fazer a tal travessia do sal. Ele disse assim, quando foi questionado por que estava no meio daquela empreitada: "meu mestre fala que ao aparecerem dois caminhos diferentes na nossa vida, para seguir pelo mais difícil".

Segue uma passagem da travessia, com a música que mais gostei:


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