Para ficar livre de situações indesejáveis e pensamentos negativos preciso desenvolver desapego. Desapego não é indiferença, apatia ou falta de energia. Desapego é um estado que vem da força e da paz interior. Posso ser amoroso, feliz, cooperativo e ainda ter desapego. O verdadeiro desapego interior é a habilidade de pensar com clareza e estar imune ao que as pessoas pensam e falam sobre mim. Desapego me capacita a ter mais controle sobre o humor e o estado da minha mente. Também me ajuda a ser mais eficiente no trabalho e diante das situações difíceis ou emergenciais. Para ser desapegado preciso conhecer meus pensamentos e seus resultados.
Difícil quando alguém nasce sentindo a brisa do mar e se acostuma a ver todo dia a linha do horizonte e entende que o mundo não tem fim, que é lá que os sonhos se projetam e depois de algum tempo, bem no comecinho da juventude, se muda para uma megalópole, sozinha, sem conhecer ninguém, sem ter mais referências. Difícil...
Depois de 30 anos, essa pessoa, aliás, eu mesma, já consigo ouvir a música "Sampa", do Caetano, sem chorar. Mas só até o verso "e foste um difícil começo, afasto o que não conheço, quem vem de outro sonho feliz de cidade, aprende depressa a chamar-te de realidade"...nessa hora, desabo mesmo.
O "outro sonho feliz de cidade" é a minha mãe, minha cidade natal, a que nasci porque assim foi. E a minha mãe adotiva é essa aqui, São Paulo, a que eu escolhi, a qual aprendi a entender e a amar, apesar de reconhecer suas fraquezas e defeitos. Mas quem ama, ama mesmo, aceita tudo. E até passa a admirar e a não conseguir viver sem ela.
São Paulo no começo foi dura, cobrava mesmo. Depois, passou a oferecer agrados, vantagens, recompensas. Mas daí, há pouco menos de um ano, foi cruel. Incluiu a mim e minha família nos seus piores índices, o da violência. Mas sei que não é culpa dela, é das autoridades que deveriam estar fazendo seu dever e estão falhando. A culpa é do sistema, o que uma cidade, seu espaço físico tem a ver com isso?
Então, no dia de seu aniversário, queria aproveitar a oportunidade para fazer as pazes com São Paulo. Esse é o meu lugar no mundo, e aqui, o horizonte não está num lugar tão óbvio entre a terra e o mar. É preciso saber olhar para descobrir, mas ele se apresenta de várias formas para as milhões de pessoas que vivem aqui.
Esse vídeo, do grupo Rumo é uma das minhas músicas favoritas sobre Sampa. E é bem da época que cheguei por aqui. Foi realizado pelo Olhar Eletrônico, na época uma iniciante produtora de vídeo de uns caras chamados Fernando Meirelles, Marcelo Tas, Marcelo Machado...alguém sabe de quem estou falando?
Parabéns São Paulo!
Ladeira da Memória Rumo
Olha as pessoas descendo, descendo, descendo Descendo a Ladeira da Memória Até o Vale do Anhangabaú Quanta gente! Vagando pelas ruas sem profissão Namorando as vitrines da cidade Namorando, andando, andando, namorando O céu ficou cinza e de repente trovejou E a chuva vem caindo, caindo, caindo Prendendo as pessoas nas portas, nos bares Na beirada das calçadas Quanta gente! Com ar aborrecido olhando pro chão Pro reflexo dos edifícios e dos carros Nas poças d'água E pros pingos, pingando, pingando, pingando Olha as pessoas felizes, felizes, felizes Felizes por que a chuva que caía agora pouco Essa chuva que caia agora pouco já passou
Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?