Começando a semana com o astral desse novo vídeo do inspiradíssimo músico Jai Uttal, "Down on my knees", com participação da sua família, a brasileira professora de Yoga Nubia Teixeira e seu filhinho lindo Ezra Gopal!
Dizer que a humanidade evolui pela dor é dizer meia verdade, pois a dor é apenas o retorno do equilíbrio. A única maneira de nos livrarmos do desequilíbrio é através do conhecimento, da sabedoria.
Quem me conhece bem sabe que não gosto muito de falar textualmente, citando fatos ocorridos, prefiro extrair e comentar as lições sobre as coisas. Mas às vezes fica complicado contar o fim sem ao menos dar uma pista do começo da história.
Começou assim: meu professor de yoga, percebendo que ultimamente ando mais introspectiva, diferente do meu comportamento habitual e sabendo da perda recente do meu pai e do meu sogro, perguntou-me se podia ajudar em algo. Foi muito generoso e carinhoso da parte dele a abordagem, dispondo-se a me dar algum apoio e conforto.
Na hora, o que respondi foi que nada é possível fazer, o que está feito está feito, é o que tinha que ocorrer, obra no nosso karma. Falei que só o tempo ajudaria a processar tudo, mas que de qualquer maneira agradecia a sensibilidade dele. Só que depois comecei a refletir sobre isso, o que significa a perda de nossos pais na nossa vida e como poderia ajudar a mim mesma nessa fase difícil.
Antes desse ocorrido, é claro que me comovia com essa experiência quando acontecia com outras pessoas, mas eu achava que poderia sentir de fato a dor delas, exatamente o mesmo que estavam sentindo. Porém, é diferente quando ocorre conosco. É uma sensação de que algo de você se foi, ao menos longe dos seus olhos, do seu contato e convívio. É reviver mentalmente cada momento de cada passagem da vida com aquela pessoa como se houvesse uma necessidade de relembrar todos os fatos para não perder nenhum detalhe, para que nada seja "jogado fora", esquecido. É como organizar as pastas do seu arquivo mental, deixando em ordem, seja cronológica, alfabética, por grau de importância, enfim e colocando os momentos não tão bons (mas que agora até eles nos causam saudades) naquele arquivo o qual você não acessará mais. Ou pelo menos tentará, quem vai dizer se sim ou não é a "D. Culpa".
Em outras circunstâncias da vida, mas também em momentos difíceis, costumo usar de um artíficio que tem me ajudado muito: penso em pessoas as quais admiro, em seres espiritualizados que nos passam mensagens de paz, amor, equilíbrio e sabedoria. Penso em todos eles e também nas pessoas queridas e fatos tocantes que fizeram bem a mim. Isso me ajuda muito, me apoia e fortalece! Nesse momento atual, os meus "guias espirituais da vez" são os amigos que passaram por essa experiência que estou atravessando. Tenho encontrado conforto nisso, às vezes por conversas e trocas de experiências e outras só por saber que aquela pessoa está seguindo em frente, apesar da perda.
O apego é algo curioso porque nunca ninguém nos enganou sobre a impermanência das coisas e nem que devemos possuir as pessoas. Falo "meu pai", pois ele é uma das figuras mais importantes da minha vida, mas ele não é "meu", não me pertence. É um ser que graças a Deus recebi como meu genitor e guia espiritual para me ensinar a viver e me prover amor e recursos para ser quem sou. Mas ele cumpriu sua missão aqui, precisa continar sua jornada com outros seres de luz. Amor de verdade é desapego e o nosso estará eternamente escrito nas estrelas.
Lembrei da história de uma mulher que perdeu seu filho. Pediu então à Buda que o trouxesse de volta. Buda fez um acordo com ela, pedindo para que ela procurasse pelo mundo uma família que nunca tivesse tido a experiência da morte de um ente querido. Caso ela encontrasse, ele traria seu filho de volta. Ela rodou mundo afora e depois de testemunhar que ninguém estava livre de perder alguém, conformou-se, serenou sua dor e levou sua vida adiante.
Enfim, essa experiência é um rito de passagem, faz parte da natureza, é um aprendizado para nossa evolução. Dói porque somos seres ainda apegados, buscando a perfeição, o estado de buda. Dói porque nossos pais são os únicos seres no mundo que dariam sua vida por nós e perder isso é como perder parte da nossa própria vida. Dói, apenas isso, dói.
Desculpe o desabafo, mas compartilhar, colocar pra fora, também está me ajudando a superar e talvez ajude a alguém que esteja na mesma situação também a encontrar algum conforto nessas palavras...