Difícil quando alguém nasce sentindo a brisa do mar e se acostuma a ver todo dia a linha do horizonte e entende que o mundo não tem fim, que é lá que os sonhos se projetam e depois de algum tempo, bem no comecinho da juventude, se muda para uma megalópole, sozinha, sem conhecer ninguém, sem ter mais referências. Difícil...
Depois de 30 anos, essa pessoa, aliás, eu mesma, já consigo ouvir a música "Sampa", do Caetano, sem chorar. Mas só até o verso "e foste um difícil começo, afasto o que não conheço, quem vem de outro sonho feliz de cidade, aprende depressa a chamar-te de realidade"...nessa hora, desabo mesmo.
O "outro sonho feliz de cidade" é a minha mãe, minha cidade natal, a que nasci porque assim foi. E a minha mãe adotiva é essa aqui, São Paulo, a que eu escolhi, a qual aprendi a entender e a amar, apesar de reconhecer suas fraquezas e defeitos. Mas quem ama, ama mesmo, aceita tudo. E até passa a admirar e a não conseguir viver sem ela.
São Paulo no começo foi dura, cobrava mesmo. Depois, passou a oferecer agrados, vantagens, recompensas. Mas daí, há pouco menos de um ano, foi cruel. Incluiu a mim e minha família nos seus piores índices, o da violência. Mas sei que não é culpa dela, é das autoridades que deveriam estar fazendo seu dever e estão falhando. A culpa é do sistema, o que uma cidade, seu espaço físico tem a ver com isso?
Então, no dia de seu aniversário, queria aproveitar a oportunidade para fazer as pazes com São Paulo. Esse é o meu lugar no mundo, e aqui, o horizonte não está num lugar tão óbvio entre a terra e o mar. É preciso saber olhar para descobrir, mas ele se apresenta de várias formas para as milhões de pessoas que vivem aqui.
Esse vídeo, do grupo Rumo é uma das minhas músicas favoritas sobre Sampa. E é bem da época que cheguei por aqui. Foi realizado pelo Olhar Eletrônico, na época uma iniciante produtora de vídeo de uns caras chamados Fernando Meirelles, Marcelo Tas, Marcelo Machado...alguém sabe de quem estou falando?
Parabéns São Paulo!
Ladeira da Memória
Rumo
Olha as pessoas descendo, descendo, descendo
Descendo a Ladeira da Memória
Até o Vale do Anhangabaú
Quanta gente!
Vagando pelas ruas sem profissão
Namorando as vitrines da cidade
Namorando, andando, andando, namorando
O céu ficou cinza e de repente trovejou
E a chuva vem caindo, caindo, caindo
Prendendo as pessoas nas portas, nos bares
Na beirada das calçadas
Quanta gente!
Com ar aborrecido olhando pro chão
Pro reflexo dos edifícios e dos carros
Nas poças d'água
E pros pingos, pingando, pingando, pingando
Olha as pessoas felizes, felizes, felizes
Felizes por que a chuva que caía agora pouco
Essa chuva que caia agora pouco já passou
Depois de 30 anos, essa pessoa, aliás, eu mesma, já consigo ouvir a música "Sampa", do Caetano, sem chorar. Mas só até o verso "e foste um difícil começo, afasto o que não conheço, quem vem de outro sonho feliz de cidade, aprende depressa a chamar-te de realidade"...nessa hora, desabo mesmo.
O "outro sonho feliz de cidade" é a minha mãe, minha cidade natal, a que nasci porque assim foi. E a minha mãe adotiva é essa aqui, São Paulo, a que eu escolhi, a qual aprendi a entender e a amar, apesar de reconhecer suas fraquezas e defeitos. Mas quem ama, ama mesmo, aceita tudo. E até passa a admirar e a não conseguir viver sem ela.
São Paulo no começo foi dura, cobrava mesmo. Depois, passou a oferecer agrados, vantagens, recompensas. Mas daí, há pouco menos de um ano, foi cruel. Incluiu a mim e minha família nos seus piores índices, o da violência. Mas sei que não é culpa dela, é das autoridades que deveriam estar fazendo seu dever e estão falhando. A culpa é do sistema, o que uma cidade, seu espaço físico tem a ver com isso?
Então, no dia de seu aniversário, queria aproveitar a oportunidade para fazer as pazes com São Paulo. Esse é o meu lugar no mundo, e aqui, o horizonte não está num lugar tão óbvio entre a terra e o mar. É preciso saber olhar para descobrir, mas ele se apresenta de várias formas para as milhões de pessoas que vivem aqui.
Esse vídeo, do grupo Rumo é uma das minhas músicas favoritas sobre Sampa. E é bem da época que cheguei por aqui. Foi realizado pelo Olhar Eletrônico, na época uma iniciante produtora de vídeo de uns caras chamados Fernando Meirelles, Marcelo Tas, Marcelo Machado...alguém sabe de quem estou falando?
Parabéns São Paulo!
Ladeira da Memória
Rumo
Olha as pessoas descendo, descendo, descendo
Descendo a Ladeira da Memória
Até o Vale do Anhangabaú
Quanta gente!
Vagando pelas ruas sem profissão
Namorando as vitrines da cidade
Namorando, andando, andando, namorando
O céu ficou cinza e de repente trovejou
E a chuva vem caindo, caindo, caindo
Prendendo as pessoas nas portas, nos bares
Na beirada das calçadas
Quanta gente!
Com ar aborrecido olhando pro chão
Pro reflexo dos edifícios e dos carros
Nas poças d'água
E pros pingos, pingando, pingando, pingando
Olha as pessoas felizes, felizes, felizes
Felizes por que a chuva que caía agora pouco
Essa chuva que caia agora pouco já passou