Uns com os olhos postos no passado,
Veem o que não veem; outros fitos
Os mesmos olhos no futuro, veem
O que não pode ver-se
Por que tão longe ir por o que está perto –
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este é o momento, isto
É o que somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.
Fernando Pessoa